Páginas

29/06/2011

6 de agosto de 1910. Porto de Southompton, Inglaterra. Embarcava para o Brasil uma delegação de futebolistas britânicos, na maioria estudantes de famosas universidades, como Oxford e Cambridge. Era o Corinthian Team.
Vinha ao Brasil a convite do Fluminense F. C., do Rio de Janeiro, para uma série de jogos. No dia 21 do mesmo mês, desembarcavam na Capital Federal. Depois dos jogos na Capital, vieram para São Paulo, para outros três jogos: A. A. Palmeiras, C. A. Paulistano e São Paulo Athletic. 

No primeiro jogo, 31 de agosto, contra o A. A. Palmeiras, um belo futebol e vitória por 2 a 0. Foi nesse dia que começou a nascer o Corinthians Paulista.
A rapaziada do bairro do Bom Retiro, que assistiram ao jogo, ficaram impressionados com a atuação do time inglês, e passaram a “sonhar” com a fundação de um clube tão bom ou melhor que aquele. Marcaram uma reunião para aquela mesma noite, após o jantar. Na hora marcada, compareceram ao local indicado (rua dos Imigrantes, hoje José Paulino) para concretizar a idéia, Antônio Pereira, Joaquim Ambrósio, Anselmo Corrêa, Carlos Silva e Rafael Perrone. Passaram então a discutir a fundação do novo clube à luz de um lampião a gás. Como esses rapazes eram apenas cinco, resolveram marcar uma reunião para o dia seguinte, 1º de setembro de 1910, convidando para a mesma, outros rapazes do bairro. Esses cinco representantes, dominados pelo grande entusiasmo, puseram a trabalhar. Espalharam a idéia por todo o bairro, fazendo inúmeros convites para a reunião. No dia combinado, os cinco rapazes voltaram com mais oito importantes personagens: Alexandre Magnami, Felipe Averna Valente, Miguel Sottile, João da Silva, Salvador Lopomo, João Morino, César Nunez e Miguel Bataglia (que seria o primeiro presidente). A idéia foi estudada em todos os detalhes. Tudo acertado. O clube estava fundado.Mas, e o nome? Vários foram sugeridos entre os presentes. Entre eles o de Santos Dumont, Corinthians Brasileiro, Corinthians Bandeirantes, etc. ­_“Peço um aparte”_disse então Joaquim Ambrósio, que até o momento se mantinha calado. “na minha opinião e de meus quatro companheiros que vimos o jogo de ontem, o time deve chamar-se Sport Club Corinthians Paulista, como uma homenagem ao Corinthians inglês que nos visita”_ concluiu o apartente. O nome foi aprovado por todos. “Já que o nome foi resolvido, vamos agora escolher a cor do uniforme”_ falou um dos presentes. Antes do fim da reunião, Miguel Bataglia profetizou: “O Corinthians será o time do povo e o povo é quem vai fazer o Corinthians”. 

O clube estava formado, o nome já havia sido escolhido. Faltava o campo. Porém, para aqueles rapazes cheios de entusiasmo, nada era difícil. Voltaram então suas visitas para um terreno situado nos fundos de um lenheiro, ali mesmo no Bom Retiro, onde hoje se encontram localizadas as ruas Ribeiro de Lima, Prates e José Paulino.
Esse terreno foi alugado. Pagariam 30 mil réis por mês! Não era pouco para um clube que acabava de ser fundado. Mas aqueles jovens cheios de vontade, saberiam como arcar com aquela responsabilidade.
Depois de comprar uma bola, que na época era caríssima, e fazer o primeiro treino, o Corinthians marcou o primeiro jogo, contra o União da Lapa, que na época era o bicho-papão da várzea paulistana. O jogo foi marcado para o dia 10 de setembro de 1910. A primeira equipe do Timão jogou assim: Valente, Perrone e Atílio; Lepre, Alfredo e Police; João de Silva, Jorge Campbell, Luiz Fabi, César Nunes e Joaquim Ambrósio. O Corinthians perdeu por 1 a 0. Uma derrota com sabor de vitória. Animado com o seu primeiro jogo oficial, o Corinthians marcou um novo amistoso. No dia 14 de setembro, o clube desafiou o Estrela Polar, temível time da várzea.
Mesmo jogando contra uma forte equipe, o Corinthians não se intimidou e ganhou o jogo por 2 a 0. Luiz Fabi foi o homem que marcou o primeiro gol da história do Corinthians. O segundo gol foi marcado por Jorge Campbell.
Ver "Jogos Históricos - Corinthians 2 x 0 Estrela Polar".
Aos poucos, o Timão passou a ficar popular e ser um dos grandes da várzea paulistana. Assim, o clube se viu na obrigação de crescer cada vez mais. Faltava, então, se filiar na Apea (Associação Paulistana de Esportes Atléticos) ou na Liga Paulista.
Em 1912, apenas os clubes da elite faziam parte dessas associações do futebol paulista. Do lado da Apea estavam grandes como o Paulistano, A. A. Palmeiras, o Mackenzie e o Ipiranga. Já do lado da Liga Paulista faziam parte Americano, Germânico e Internacional.
O Corinthians pleiteava uma vaga junto à Liga, mas os inimigos do Timão estavam dispostos a não deixar o clube ingressar na divisão principal. Inúmeros obstáculos foram colocados a frente da gente corintiana no intuito de desanimá-la. Mas a gente alvinegra insistia com todas as suas forças. De nada adiantaram a idéia de querer acabar, de uma vez, com a persistência dos alvinegros. Idealizaram, então, uma eliminatória, certos de que o Corinthians não passaria por ela. Puseram dois grandes times adversários: Minas Gerais F. C. e São Paulo Sport Club.
E esses dois times foram indicados para enfrentar o Corinthians, numa eliminatória bem preparada para acabar de uma só vez, com as pretensões do Timão, pois ninguém, a não ser os próprios corintianos, acreditava nas possibilidades sequer de uma vitória do Corinthians. Foi tal a pressão e a guerra de nervos, que os próprios corintianos passaram a temer a histórica eliminatória.
Houve um sorteio para se ver qual seria o primeiro adversário do Timão. Quis a sorte que enfrentasse o Minas Gerais. Os inimigos do Corinthians sorriam satisfeitos e afirmavam que o Minas eliminaria o quadro dos operários, impondo-lhes uma surra inesquecível. A seguir, caberia ao Minas jogar com o São Paulo, já na festa de confraternização pela eliminação do clube corintiano.
Quando o Corinthians entrou em campo para a batalha contra o Minas Gerais, estavam com os nervos a flor da pele, cansados de ouvirem tamanha humilhação. Começou o jogo. A torcida estava em suspense. No começo, só deu Minas, mas depois, o Corinthians começou a se impor e não demorou para tomar conta do jogo. Todo o time passou a funcionar como uma máquina, fazendo surgir um gol espetacular, nos pés de Joaquim Rodrigues, que fez o povo corintiano vibrar. Aquele 1 a 0 permaneceu até o final do jogo, para desespero de todos os inimigos do time do povo. Não fosse o nervosismo dos corintianos, teriam ganho de muito mais. Mas isso é o de menos, o que interessava era a vitória. Um passo já havia dado. Faltava o outro.
anhar do São Paulo Sport Club, era uma tarefa difícil, mas não impossível. Era a grande batalha que iria decidir toda a sorte corintiana. Uma vitória seria a realização de um sonho.
Diante do ambiente que se criara em torno dessa partida, da responsabilidade que ela representava para ambos os lados, os dirigentes, os torcedores e os jogadores são-paulinos acabaram ficando com medo.
O jogo foi iniciado sob grande nervosismo das torcidas. Logo aos primeiros minutos, os corintianos passaram a demonstrar possuir mais categoria técnica e uma equipe superior.
Surgiu o gol do Corinthians! Fabi foi o seu autor. Delírio dos alvinegros! Surgiu o segundo! Novamente Fabi! Começava então a grande festa do Timão. O terceiro gol não se fez esperar. Péres foi quem marcou desta vez! Antes da partida terminar, o Corinthians fez a bola dormir no fundo da rede mais uma vez! Campanella era o herói! Logo depois, o juiz apitava o fim do jogo, para delírio da torcida corintiana presente. Os jogadores choravam nos braços da torcida. Foi assim que o Corinthians entrou na Liga Paulista de futebol.
Porém, a primeira taça da história corintiana não veio através do futebol. Em 29 de dezembro de 1912, Batista Boni, João Colina e André Lepre conquistaram a taça Unione Viaggiatori Italiani, em uma prova de pedetrianismo.  


Nenhum comentário:

Postar um comentário